sábado, 24 de março de 2018

O LIVRO DOS MÉDIUNS






 INTRODUÇÃO (2ªp.)


                                      BY BLOG MEDIUNIDADE COM NOSSO MESTRE JESUS                                       






 

Introdução (2ª parte)°


  • 1ª parte  -  do 1º ao 3º parágrafos (objetivo principal de "O Livro dos Médiuns").
  • 2ª parte  -  do 4º ao 7º parágrafos ("Livro dos Médiuns": orientar médiuns e estudiosos sem ser um manual).°
  • 3ª parte  -  do 8º ao 11º parágrafos (autoridade da Doutrina Espírita - "O Livro dos Espíritos": prática do Espiritismo).


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De par com os médiuns propriamente ditos, há, a crescer diariamente, uma multidão de pessoas que se ocupam com as manifestações espíritas. Guiá-las nas suas observações, assinalar-lhes os obstáculos que podem e hão de necessariamente encontrar, lidando com uma nova ordem de coisas, iniciá-las na maneira de confabularem com os Espíritos, indicar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações, tal o círculo que temos de abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto. Ninguém, pois, se surpreenda de encontrar nele instruções que, à primeira vista, pareçam descabidas; a experiência lhes realçará a utilidade. Quem quer que o estude cuidadosamente melhor compreenderá depois os fatos de que venha a ser testemunha; menos estranha lhe parecerá a linguagem de alguns Espíritos. Como repositório de instrução prática, portanto, a nossa obra não se destina exclusivamente aos médiuns, mas a todos os que estejam em condições de ver e observar os fenômenos espíritas. 

Não faltará quem desejara publicássemos uma manual prático muito sucinto, contendo em poucas palavras a indicação dos processos que se devam empregar para entrar em comunicação com os Espíritos. Pensarão esses que um livro desta natureza, dada a possibilidade de se espalhar profusamente por módico preço, representaria um poderoso meio de propaganda, pela multiplicação dos médiuns. Ao nosso ver, semelhante obra, em vez de útil, seria nociva, ao menos por enquanto. De muitas dificuldades se mostra inçada a prática do Espiritismo e nem sempre isenta de inconvenientes a que só o estudo sério e completo pode obviar.(A) Fora, pois, de temer que uma indicação muito resumida animasse experiências levianamente tentadas, das quais viessem os experimentadores a arrepender-se. Coisas são estas com que não é conveniente, nem prudente, se brinque e mau serviço acreditamos que prestaríamos, pondo-as ao alcance do primeiro estouvado que achasse divertido conversar com os mortos. Dirigimo-nos aos que vêem no Espiritismo um objetivo sério, que lhe compreendem toda a gravidade e não fazem das comunicações com o mundo invisível um passatempo.(B)

Havíamos publicado uma Instrução Prática com o fito de guiar os médiuns. Essa obra está hoje esgotada e, embora a tenhamos feito com um fim grave e sério, não a reimprimiremos, porque ainda não a consideramos bastante completa para esclarecer acerca de todas as dificuldades que se possam encontrar. Substituímo-la por esta, em a qual reunimos todos os dados que uma longa experiência e conscienciosos estudos nos permitiram colher. Ela contribuirá, pelo menos assim o esperamos, para imprimir ao Espiritismo o caráter sério que lhe forma a essência e para evitar que haja quem nele veja objeto de frívola ocupação e divertimento.(C)

A essas considerações ainda aditaremos outra, muito importante: a má impressão que produzem nos novatos as experiências levianamente feitas e sem conhecimento de causa, experiências que apresentam o inconveniente de gerar idéias falsas acerca do mundo dos Espíritos e de dar azo à zombaria e a uma crítica quase sempre fundada. De tais reuniões, os incrédulos raramente saem convertidos e dispostos a reconhecer que no Espiritismo haja alguma coisa de sério. Para a opinião errônea de grande número de pessoas, muito mais do que se pensa têm contribuído a ignorância e a leviandade de vários médiuns.(D)




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A) "De par com os médiuns propriamente ditos, há, a crescer diariamente, uma multidão de pessoas que se ocupam com as manifestações espíritas."
. A crescente quantidade de pessoas que já na época de Kardec se ocupavam das "manifestações espíritas" deviam claramente ser aquelas que compreendiam tanto pessoas que se interessavam em investigar de forma sistemática os fenômenos mediúnicos quanto as pessoas que eram portadoras de faculdades mediúnicas ostensivas¹, quanto ainda as testemunhas oculares de fenômenos mediúnicos ocorridos com outras pessoas. E assim continua sendo até os dias de hoje a crescente quantidade de pessoas interessadas por esses fenômenos, não somente pelo fato de que as populações mundiais vêm aumentando apesar de guerras e cataclismos mundiais e regionais, mas também pelo aumento cada vez maior de pessoas que nascem com a mediunidade ostensiva a se desenvolver em determinada fase da vida. A multidão de pessoas referente a qualquer aspecto e situação da realidade humana em alguns casos aparece diante apenas dos olhos daqueles que se ocupam dos mesmos interesses, pois que fazem parte de uma mesma fração de pessoas que comungam as mesmas experiências em algum nível, de modo que diante de outros olhos não passam de poucas unidades existentes, ou até mesmo inexistentes. De qualquer modo no que se refere a mediunidade Jesus Cristo disse em seu tempo que se multiplicaria a quantidade de médiuns no planeta, então multiplicar-se-iam também os interessados em investigar esse fenômeno humano espiritual.

"Guiá-las nas suas observações, assinalar-lhes os obstáculos que podem e hão de necessariamente encontrar, lidando com uma nova ordem de coisas, iniciá-las na maneira de confabularem com os Espíritos, indicar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações, tal o círculo que temos de abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto.". Kardec indica então o modo como "O Livro dos Médiuns" foi de fato planejado e elaborado para se conseguir alcançar a sua necessária utilidade em prol daqueles que se interessam pelos fenômenos mediúnicos de modo sério e sem atalhos, sejam estudiosos, sejam médiuns, sejam testemunhas interessadas para compreender os fenômenos vistos. Allan Kardec enumera em curtas palavras o que são as expectativas dos leitores e ao mesmo tempo as suas, e as suas preocupações são quanto ao que deve ser o objetivo deste livro, um livro escrito de forma responsável que contagie os leitores ao mesmo sentimento e compreensão da seriedade, responsabilidade e de auto evangelização tão necessárias para a realização das reuniões mediúnicas. Percebe-se então que, ao contrário de um manual prático de itens enumerados Kardec preparou o que poderíamos até considerar como sendo um livro de cabeceira, ou seja, um livro para consultas e reflexões constantes, um livro que deve estar sempre à mão para o humilde usufruto com frequência. Algo também de relevante importância é debruçar o olhar para o fato de que os médiuns e pessoas que já viveram, ou vivem ainda na própria realidade como
 testemunhas de fenômenos mediúnicos, precisam ter aceso a esse conhecimento, são carentes dessas informações, necessitam conhecer para saber como lidar com tais experiências, então não é somente o interessar-se, mas também o necessitar-se, é a consciência de que precisa ter o conhecimento, ficar na limitação do "me interessa ou não me interessa" já é um indicativo forte de que precisa mesmo ter acesso a estes conhecimentos.

E assim Kardec elenca as qualidades que o livro destinado aos médiuns e estudiosos deve apresentar para responder às necessidades dos envolvidos nas preocupações referentes a mediunidade:
- "Guiá-las nas suas observações . . .". Um "guia". A preocupação de Kardec foi o registro minucioso de todos os aspectos dos eventos fenomênicos mediúnicos, de modo rico, a nos prender de modo apaixonado e grave a todas as informações por ele registradas. É um livro que por sua riqueza de conteúdo deve sim ser tratado como o guia que não deixa de ser, como que trazido à cabeceira, trazido fácil à mão, com leitura atenta e coração evangelizante, de releituras sem fim, mas não de forma fechada qual se fosse uma leitura da Bíblia norteada por uma fé cega e irreflexiva, mas sim de forma aberta, expandida, reflexiva, questionadora, dialogadora, ou seja, de forma a obter novas compreensões que vão além das palavras ali colocadas por Kardec, acrescentando na leitura de aprendizado pessoal a experiência, a prática, e outros conhecimentos convergentes e co-relacionados, uma somatória que é um agregar, que vai além do que é mostrado nas páginas do livro. Kardec mesmo disse que as obras que ele escreveu, registrando os ensinamentos dos Espíritos, não são obras acabadas, e por isso o conhecimento novo de eventos ainda não registrados precisa ser acrescido pela pessoa estudiosa (médiuns e investigadores), entretanto essa associação de novos conhecimentos deve ser feito mediante a condição do bom senso, e a pessoa estudiosa sem dúvida que repassará esses novos conhecimentos aos seus convivas de mesmas experiências. A leitura de aprendizado pessoal de todo o conteúdo de "O Livro dos Médiuns" precisa, portanto a princípio, ser uma leitura de compreensão que não se limite a uma leitura literal, e sim que avance sem limites a reflexões subjetivas, críticas, comparativas, e com tantas outras qualidades que a leitura possa ter. Quanto a somar outros conhecimentos ao que já se leu e aprendeu precisa ser uma somatória criteriosa na direção do que o próprio conhecimento contido no livro nos aponta, os conhecimentos apresentados no livro de Kardec são, pois, portas abertas para se avançar nos assuntos abordados, e o avançar nos remete a dois caminhos de novas descobertas: as que vão além do que é mostrado dentro do limite de conhecimento apresentado (conhecimento crescente horizontal), e as que vão além do limite de conhecimento apresentado como que ao subir uma escada (conhecimento crescente vertical).

- ". . ., assinalar-lhes os obstáculos que podem e hão de necessariamente encontrar, . . .". O surgimento dos obstáculos existentes neste campo de realização. O trabalhador no campo mediúnico que for bastante maduro e justo moralmente será franco diante das dificuldades apresentadas nas reuniões mediúnicas (seja ele dirigente ou não), e transformará as dificuldades em aprendizado, ainda mais diante das lições apresentadas por Kardec sobre tais dificuldades, e outras dificuldades mais por ele não registradas a tempo no referido livro. O trabalhador da seara mediúnica com Jesus terá que ser suficientemente maduro e justo em reconhecer as dificuldades impostas pelo próprio grupo mediúnico e por si mesmo, cuidando em aprimorar-se, e caridosamente levar o grupo de trabalho ao aprimoramento sem apontar ninguém em específico. Kardec deixa bem claro no decorrer da abordagem sobre a mediunidade em seu livro que os obstáculos que se apresentam em um trabalho mediúnico partem de vários pontos diferentes oriundos deste mesmo trabalho: de Espíritos, de cada um dos trabalhadores do grupo mediúnico, e da organização do grupo. Há grupos que apresentam uma série de dificuldades, mas seus membros vêem o andamento do grupo como perfeito, não conseguem perceber que existem problemas, o que tem sido bastante comum, difícil é a existência de grupos perfeitos, mas bom são os grupos que se imbuem da referida responsabilidade, e estão sempre procurando aprimorarem-se.

- ". . ., lidando com uma nova ordem de coisas, . . .". A "nova ordem de coisas": a nova ordem de coisas são tanto os fenômenos mediúnicos, quanto a personalidade de cada Espírito manifestante, quanto de cada trabalhador do grupo mediúnico, quanto as condições para o trabalho mediúnico se realizar, como também o conhecimento que cada trabalhador traz sobre o que se refira a mediunidade e trabalho mediúnico. A nova ordem de coisas só pode se referir a situações e elementos pertencentes a realização do trabalho mediúnico que juntos formam o conjunto completo do contexto mediúnico. Essa "nova ordem de coisas" é porque por meio do livro escrito por Kardec é que elementos pertencentes a esse contexto serão percebidos, já que antes de ler o livro tais elementos passam desapercebidos ou menosprezados, e assim desconsiderados dentro do contexto mediúnico sem dúvida que falhas ocorrerão, e a primeira falha para que as outras falhas venham na sequência é exatamente o desaperceber-se e o menosprezar-se. Esses elementos identificados na obra de Kardec estão dentro de todos os elementos maiores elencados no começo deste parágrafo, e portanto, não se pode esquecer que tratam-se também do personalismo² de cada componente do grupo mediúnico, e do personalismo do grupo como um todo, não se pode prender a atenção apenas a elementos exteriores ao indivíduo que é médium (são pois eventos exteriores: os acontecimentos pertencentes ao momento mediúnico em curso do grupo de trabalho; e também interferências externas ao grupo antes do trabalho mediúnico se realizar; ...), essa postura individualizante do grupo e individualizante dos membros do grupo é uma forma gravíssima de desatenção.

- "..., iniciá-las na maneira de confabularem com os Espíritos, ...". O modo mais adequado de realizar a comunicação com os Espíritos: conversar, dialogar. A apresentação do modo mais adequado de reunião mediúnica a ser realizada é apresentada por Kardec no livro, é uma orientação segura que acaba se transformando em uma regra, mas claro que a equipe envolvida deve ter a justa percepção de aprimorar cada vez mais essa realização tendo como ponto de partida tais orientações. Este senso de justiça moral parte da moralidade e alcance evangélico a que chegaram seus membros, principalmente o dirigente, para que nenhum trabalhador seja colocado em prejuízo, e nem mesmo os Espíritos a serem recebidos nessas reuniões, pois esse prejuízo é também o prejuízo do trabalho do grupo, é um dos obstáculos que deverá ser sanado. O modo de "confabular" com os Espíritos, evidenciado por Kardec, é um dos elementos e também uma das realizações importantes do trabalho mediúnico, o modo é o que preocupava Kardec em seu tempo, é uma preocupação relevante, porque em alguns grupos essa "confabulação" pode não estar ocorrendo de forma adequada sem perceberem, o senso moral é importante para a observação desta prática na reunião mediúnica.

- ". . ., indicar-lhes os meios de conseguirem boas comunicações, tal o círculo que temos de abranger, . . .". Os melhores meios de realizar boas comunicações. Da mesma forma que no item anterior as orientações do livro de Kardec acabam por se tornarem as regras seguras a seguir por todos do grupo, sempre norteando as ações do dirigente, e de cada membro do grupo de trabalho dentro da necessária justiça evangélica, e não do personalismo humano. O "círculo" que temos que abranger, como a própria expressão escolhida por Kardec nos permite entender, trata-se do todo circunscrito, delimitado, o grupo fechado, que é formado pelos membros do grupo mediúnico e suas relações sociais, empáticas, bem como do trabalho espiritual ocorridos no momento em que esse trabalho ocorre, influenciadas também pela personalidade e interesse de cada membro, bem como da peculiar realização do trabalho mediúnico, e as manifestações mediúnicas ali ocorridas. Tudo isso resultando em algum tipo de qualidade das comunicações mediúnicas.

- ". . ., sob pena de fazermos trabalho incompleto.". Evitar realizar trabalho incompleto: todos os aspectos apontados por Kardec visam sem dúvida nenhuma a evitar o trabalho incompleto. O trabalho é completo quando todos trabalham com a adequada sintonia evangélica, evitando-se ao máximo o personalismo, agindo com aprimoramento individual e coletivo sempre constantes quanto aos aspectos do mediunato, ou seja, a prática da lição moral associada a prática das lições sobre mediunidade, não somente ficar com a lição aprendida retida na mente e no coração. Portanto o trabalho completo não é aquele acabado, aquele que já está em pleno andamento, obedecendo-se todas as etapas, organizado, que achamos que está indo muito bem, não deve ser o que "achamos", não, e sim aquela visão do trabalho sempre em vias de alcançar a completude, pois incompletos somos nós também, o incompleto pode não estar no cumprimento das etapas, mas na maneira como as etapas são realizadas. Por isso é que os aspectos anteriores apontados por Kardec são tão importantes, pois eles nos ajudam a debruçar um olhar diferente para o trabalho do grupo mediúnico, um olhar realizado de conformidade com o que evidencia Kardec jamais poderá ser interpretado como perfeccionismo, e sim como responsabilidade, uma responsabilidade sem tirania, uma responsabilidade evangélica com Jesus, uma responsabilidade humilde com Jesus. Porque no trabalho mediúnico não há patrão encarnado, o patrão é Jesus³. 

- E por fim: ". . . tal o círculo que temos de abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto.". Importante esta observação de Kardec, porque de fato tem sido comum grupos de trabalho nas casas espíritas, e também seus dirigentes, se preocuparem mais com este ou aquele aspecto do trabalho do que com todos os aspectos do mesmo, seja o mediúnico, os passes, as palestras, os estudos, as atividades de filantropia, ..., isto é um aspecto moral muito grave, um grande descuido, e precisa de fato ser observado com grande interesse pelos dirigentes destes trabalhos, pois são eles os responsáveis no plano físico pelo andamento do trabalho em pleno curso e já de longa data na casa espírita. Para quê, então, "O Livro dos Médiuns", só para preparar trabalhadores médiuns? Pensemos e observemos o contexto! 


Todos estes aspectos apontados por Kardec estão presentes simultaneamente a cada abordagem, capítulo a capítulo do livro. Isto tudo nos parece mesmo muito óbvio, todos dirão, mas será que o óbvio não está deixando de ser percebido para além do limite da percepção diária, residindo este óbvio em nossa limitada consciência, mantendo nossa percepção no que estamos acostumados diariamente em entender que está tudo sendo feito certo? É algo para se pensar repetidas vezes, evitando-se ver defeitos onde não tem, mas sim começar a observar e também analisar todo o contexto. São aspectos apontados por Kardec, e portanto não nos podem passar desapercebidos por serem noções óbvias para nós, porque já aprendemos faz tempo, porque já temos a experiência, incorrendo no desprezo delas, mas sim deve levar-nos a incorrer-nos ao interesse, e esse interesse é o chamado à responsabilidade pessoal e coletiva. Torna-se mais claro a respeito desse "óbvio" e sua problemática se lembrarmos das obras da série André Luiz, em algumas nas quais mostra-se a sutileza do óbvio não percebido por causa do personalismo dos membros das reuniões mediúnicas. Portanto devemos encarar essa situação dos nossos óbvios cotidianos das reuniões mediúnicas com a necessária humildade. Lembremos sempre que o patrão da reunião mediúnica é Nosso Mestre Jesus! E Ele tudo vê.


"Ninguém, pois, se surpreenda de encontrar nele instruções que, à primeira vista, pareçam descabidas; a experiência lhes realçará a utilidade. Quem quer que o estude cuidadosamente melhor compreenderá depois os fatos de que venha a ser testemunha; menos estranha lhe parecerá a linguagem de alguns Espíritos. Como repositório de instrução prática, portanto, a nossa obra não se destina exclusivamente aos médiuns, mas a todos os que estejam em condições de ver e observar os fenômenos espíritas."
. Allan Kardec nos alerta para o fato de que os interessados em estudar "O Livro dos Médiuns" não pode considerar absurdo orientações sobre experiências que ainda não viveu. O que Kardec escreveu foi fruto de experiências vividas por ele durante o período de realização de estudos científicos sobre os fenômenos mediúnicos, ele jamais escreveria o que ele "acha", mas tão somente escreveria e escreveu o que ele "constatou cientificamente". Assim, cada médium e cada grupo de trabalho mediúnico ainda poderá vivenciar as informações dadas por Kardec, pois cada comunicação mediúnica, e cada reunião mediúnica, é uma experiência diferente, única. Kardec ainda deixa claro que por se tratar de uma obra de esclarecimento o livro deve ser lido por todos aqueles que se interessam pelo tema, e não apenas pelos médiuns e equipes mediúnicas. É bom ter na lembrança também de que essas revelações que Kardec fez em seu livro foram feitas pelos Espíritos Superiores que trabalharam nessa codificação, que é a Codificação da Doutrina Espírita, além das observações in loco feitas por Kardec, então todas as revelações e considerações que Kardec faz ao longo do livro são fruto destas duas fontes de conhecimento: a realidade observada e as revelações, e orientações trazidas pelos Espíritos Superiores.

"Não faltará quem desejara publicássemos uma manual prático muito sucinto, contendo em poucas palavras a indicação dos processos que se devam empregar para entrar em comunicação com os Espíritos. Pensarão esses que um livro desta natureza, dada a possibilidade de se espalhar profusamente por módico preço, representaria um poderoso meio de propaganda, pela multiplicação dos médiuns. Ao nosso ver, semelhante obra, em vez de útil, seria nociva, ao menos por enquanto. De muitas dificuldades se mostra inçada a prática do Espiritismo e nem sempre isenta de inconvenientes a que só o estudo sério e completo pode obviar."
. Kardec reforça os esclarecimentos a respeito da inconveniência de se fazer um livro mais curto, de leitura mais prática, e aplicação rápida, pelo fato de que o mesmo não comportaria todas as revelações, explicações e orientações necessárias para o trabalho mediúnico, ficaria faltando muitas informações, as quais, portanto, ninguém teria acesso. Claro é que não tendo acesso a essas informações os trabalhos mediúnicos seriam muito precários, frágeis por estarem diante do desconhecido, e gerando uma forma de desorganização. Entretanto, hoje, em algumas casas espíritas, apesar da existência de "O Livro dos Médiuns", e de sua fácil acessibilidade (principalmente por meio da biblioteca espírita), ocorre que tanto trabalhos mediúnicos, bem como os outros trabalhos da casa espírita, continuam sendo realizados como se este livro e todo o pentateuco kardequiano não existissem, e todos os tipos de falhas são praticados sempre, em todas as etapas desses referidos trabalhos, esses trabalhos incompletos se perpetuam por anos e décadas por causa da autoridade de quem os dirige, e por causa da pretensa autoridade do "conhecimento" de todos aqueles que estão realizando esses trabalhos (o problema da pretensa autoridade do "conhecimento", pode estar tanto no conhecimento pessoal levado ao orgulho quanto no pouco conhecimento). São coisas para se pensar.

B) "Fora, pois, de temer que uma indicação muito resumida animasse experiências levianamente tentadas, das quais viessem os experimentadores a arrepender-se. Coisas são estas com que não é conveniente, nem prudente, se brinque e mau serviço acreditamos que prestaríamos, pondo-as ao alcance do primeiro estouvado que achasse divertido conversar com os mortos."
. Um livro resumido, que não traria, portanto, todas as informações obtidas pela longa jornada de experiências observadas cientificamente por Kardec corresponderia a expectativa dos que resolveram realizar, ou já realizam, reuniões mediúnicas com inclinações de baixa moralidade, reconhecendo-se nestas os interesses pessoais e a falta de preocupação com os participantes. Serviria aos que, desinteressados em se instruírem, tivessem em mente em criar um sistema próprio de realizações mediúnicas sem considerar o devido respeito aos Espíritos manifestantes de qualquer escala evolutiva, bem como aos médiuns participantes, a fim de poder melhor controlar tiranamente em qualquer grau tanto tais Espíritos quanto os médiuns destas experiências. O interesse em adquirir o correto conhecimento, conhecimento este imbuído da mais alta moralidade e evangelização destruiria qualquer possibilidade de se fazerem presentes no grupo de trabalho pessoas de más intenções mediúnicas. Pergunta-se se essas pessoas "estouvadas" a que se refere Kardec existem ou já existiram, a resposta é: se procurarmos pesquisar por aí encontraremos tanto no nosso presente, quanto na época de Kardec. Os desastres nas reuniões mediúnicas irresponsáveis certamente ocorrerão, decepcionando cedo ou tarde a todos os participantes que tiverem procurado tais reuniões com intenções sérias, e assim a mobilidade dos médiuns neste tipo de grupo mediúnico será sempre uma constante
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"Dirigimo-nos aos que vêem no Espiritismo um objetivo sério, que lhe compreendem toda a gravidade e não fazem das comunicações com o mundo invisível um passatempo.". Claras são as palavras de Kardec sobre as pessoas de responsabilidade com as experiências mediúnicas. As pessoas mais comuns em fazer das comunicações mediúnicas um passatempo são as crianças, os adolescente e os jovens, sempre utilizando a "brincadeira" do copo, bem como outros procedimentos, mas dois, ou três, ou mais adultos não exitariam em se reunirem para fazer a mesma coisa. Esse caso só pode ser explicado pela maneira mesmo como essas pessoas adultas interpretam os fenômenos espirituais por eles observados em determinados lugares aos quais retornariam para "tentar" uma comunicação com os Espíritos responsáveis por certos fenômenos, ou mesmo resolveriam fazer suas experiências mediúnicas na própria residência, e todas essas experiências partindo somente do próprio raciocínio e senso comum, e tendo como única ferramenta apenas um manual prático. Quanto as pessoas responsáveis seria um desastre aos médiuns e dirigentes responsáveis e moralmente corretos quanto ao desenrolar de toda uma vida de experiências mediúnicas terem que depender apenas de um manual prático, estas pessoas manifestariam em alguns momentos da vida o desejo de existir um livro que melhor explicasse sobre aspectos da mediunidade e das reuniões mediúnicas.

C) "Havíamos publicado uma Instrução Prática com o fito de guiar os médiuns. Essa obra está hoje esgotada e, embora a tenhamos feito com um fim grave e sério, não a reimprimiremos, porque ainda não a consideramos bastante completa para esclarecer acerca de todas as dificuldades que se possam encontrar. Substituímo-la por esta, em a qual reunimos todos os dados que uma longa experiência e conscienciosos estudos nos permitiram colher. Ela contribuirá, pelo menos assim o esperamos, para imprimir ao Espiritismo o caráter sério que lhe forma a essência e para evitar que haja quem nele veja objeto de frívola ocupação e divertimento.". Tal publicação feita por Kardec foi provisória no tempo dele, até que ele pudesse estar publicando a mesma obra, porém com conteúdo mais completo, o que resultou num livro bem extenso. A última edição publicada por Kardec é até hoje um livro atual, contemporâneo, é a obra que utilizamos nas casas espíritas hoje. É certo de que Kardec se preocupou muito com a variedade de pessoas que adquiriram a edição resumida sobre mediunidade quando ele a lançou, compelido-o a apressar a edição seguinte, que viria a ser rica de informações. Tanto que a medida seguinte foi não publicar mais a primeira edição. A edição seguinte, que é a atual que utilizamos hoje em dia, traz o caráter que Kardec se esforçou para dar, por conta da seriedade com que a Doutrina Espírita foi codificada por ele e pelos médiuns que contribuíram para que este trabalho científico se tornasse realidade. 


D) "A essas considerações ainda aditaremos outra, muito importante: a má impressão que produzem nos novatos as experiências levianamente feitas e sem conhecimento de causa, experiências que apresentam o inconveniente de gerar idéias falsas acerca do mundo dos Espíritos e de dar azo à zombaria e a uma crítica quase sempre fundada. De tais reuniões, os incrédulos raramente saem convertidos e dispostos a reconhecer que no Espiritismo haja alguma coisa de sério. Para a opinião errônea de grande número de pessoas, muito mais do que se pensa têm contribuído a ignorância e a leviandade de vários médiuns.". Os médiuns novatos seriam, por vez, também prejudicados, segundo Kardec, pois, se tivesse sido reimpresso a primeira edição do livro sobre mediunidade, teriam com isso uma orientação muito precária, e se veriam assaltados por muitas surpresas nas experiências mediúnicas, e também não se preparariam de modo adequado para tais experiências. Infelizmente, apesar da existência de "O Livro dos Médiuns" existir, há grupos mediúnicos em que os médiuns (todos ou mais de um, incluindo o próprio dirigente), mesmo já tendo sido preparados por um curso de educação mediúnica, se comportam como se nada tivessem aprendido, disso resultando em trabalhos mediúnicos precários, e é com essa ferramenta precária em que se constitui esses grupos mediúnicos que os Benfeitores Espirituais se vêem compelidos a trabalhar por falta de alternativa, com muita caridade e amor a cada um dos componentes destes grupos, fazendo com que estes grupos precários consigam trabalhar, se os Benfeitores Espirituais resolvessem se afastar de todos esses grupos precários o caos se instalaria, e experiências horríveis aconteceriam em plena reunião mediúnica. Pensemos, reflitamos!⁴

"O Livro dos Médiuns" precisa ser lido e estudado. Além das partes do livro referentes aos tipos de manifestação mediúnica, e referentes aos tipos de médium, há outras partes do livro que se referem ao aspecto moral da mediunidade, do mediunato, das reuniões mediúnicas, e das casas espíritas. Capítulos e tópicos do livro nos quais Kardec versa sobre as características morais do exercício mediúnico:

1.  Capítulo III - Do Método;

2.  Capítulo XX - Da Influência Moral do Médium;

3.  Capítulo XXI - Da Influência do Meio;

4.  Capítulo XXVIII - Do Charlatanismo e do Embuste;

5.  Capítulo XXIX - Das Reuniões e das Sociedades Espíritas;

6.  Capítulo XXXI - Dissertações Espíritas.

Mesmo os capítulos que se referem aos tipos de manifestação mediúnica, e aos tipos de médium, Kardec também traz o aspecto moral, ainda que muitas vezes de forma sutil.

Sempre que possível em nossa residência procuremos estudar "O Livro dos Médiuns". Não dependamos somente de cursos na casa espírita, procuremos nos aproximar deste livro procurando criarmos sintonia com ele, e procuremos também ler outros livros que tratem da mediunidade não somente no seu aspecto experimental e científico, mas também e com sentimento aos livros que tratem da mediunidade no seu aspecto moral evangélico.



Heliana  Staut


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os direitos autorias deste blog, e das fontes citadas.



Publicação sujeita a atualizações !!!

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¹  Significação de Ostensivo:


Adjetivo.


1. O que é apropriado ou próprio para ser visualizado ou notado;

2. O que se pode demonstrar ou exibir;

3. Manifesto, que se percebe por evidências ou sintomas.

(...)


Antônimo de Ostensivo


Escondido, discreto, oculto.



Significados obtidos em dicionários OnLine.




Vendo a significação e o antônimo de "ostensivo" temos claro que ostensivo é tudo aquilo que aparece de modo a se tornar visivelmente evidente a quem quer que seja. Ostensivo é tudo aquilo que aparece sem necessariamente se tornar escandaloso, exagerado. Portanto o escandaloso e o exagerado, espalhafatoso, estão incluídos nesta qualificação, qualificação de ostensivo, mas não são, e nem limitam a significação de ostensivo, pois o fenômeno mediúnico "ostensivo" pode ainda ser visível e não emitir sons, ou emitir sons quase inaudíveis, e por outro lado o escandaloso nem sempre será barulhento, mas somente escandaloso pelo o que se mostra. Destas e de outras observações não enumeradas aqui tira-se a conclusão de que o "ostensivo" é tudo o que se evidencia à percepção humana e animal, simplesmente.

Aplicando então a significação de ostensivo em seu todo (a sua significação, e a compreensão de sua significação contrária), e a consequente compreensão abstraída dessa significação à palavra mediunidade entenderemos que "mediunidade ostensiva" é a mediunidade visível e audível, e por isso mesmo, facilmente notada, e por ser notada ela é exibida intencionalmente ou não pelo seu portador, e toda vez que uma manifestação mediúnica acontece ela se auto exibe por consequência, ela se manifesta naturalmente, e com isso tem-se as evidências (testemunhadas por alguém ou um grupo de pessoas, e se a mediunidade for de psicografia, materialização ou de cura tem-se ainda uma prova material) e os seus sintomas (sintomas experimentados pelo médium, e os sintomas do médium são também testemunhados).

Toda a mediunidade, basicamente, é ostensiva, mas há momentos vividos por todos os médiuns em que a experiência mediúnica é discreta, bem como há faculdades mediúnicas discretas também, e neste último caso claro é que não se trata da psicofonia, psicografia, cura, ... (que são as mais comuns), e sim das outras faculdades mediúnicas que quase nunca são abordas em estudo coletivo, e mesmo em relatos dentro das casas espíritas, mas que também ocorrem largamente, apenas não são divulgadas que aconteceram ali, aqui, e acolá, e mesmo dentro do trabalho mediúnico, seja como testemunha, seja como portador dessas faculdades mediúnicas e suas respectivas experiências fenomênicas. Para os médiuns que têm faculdades ou faculdade mediúnica discreta é uma experiência difícil conseguir provar que os fenômenos mediúnicos ocorreram, e geralmente o médium seareiro que trabalha na casa espírita não se sente na liberdade de falar por receio de inveja dos colegas de trabalho mediúnico, ou por receio de duvidarem de sua honestidade, e mesmo o medo de passar pelo ridículo. Fazendo uma comparação com a significação antônima de "ostensivo" o médium discreto não é percebido, ele fica numa situação de discrição, ele precisa falar sobre o que lhe aconteceu mediunicamente, porque senão ninguém ficará sabendo, ele precisa expressar no trabalho mediúnico o que está ocorrendo no momento, e mesmo descrevendo-a depois, diante disso o médium falará de acordo com o tipo de trabalho mediúnico, ou ficará quieto por causa dos receios de incredulidade alheia.

Quando é colocado em descrédito uma faculdade mediúnica manifesta na mesa mediúnica fecha-se uma porta de trabalho espiritual para todo o grupo, e com isso o grupo não progride a missões mais avançadas, muitas vezes aspiradas pelo próprio dirigente do grupo que tolhe tais manifestações. Atentemos ao personalismo que se manifesta das formas mais sutis. As faculdades mediúnicas discretas são bastante valorizadas e utilizadas nos trabalhos mediúnicos apômetras. Disto resulta a compreensão de que todas as formas de mediunidade devem ser valorizadas onde não existe a Apometria.

Para efeito de melhor compreensão sobre mediunidade "ostensiva" e mediunidade "discreta", e também para efeitos de melhor contextualização a respeito disso vejamos os esclarecimentos tão mais amplos e completos dados pelo Dr. Odilon Fernandes:



SOMOS TODOS MÉDIUNS
Dr. Odilon Fernandes



"Pode-se, pois, ser médium sem o perceber e num sentido que não é aquele que se pensa."

(Livro dos Médiuns, Cap. XVII, Segunda Parte, Item 205.)






Quem é médium o é sempre, e não apenas no instante em que o fenômeno está acontecendo, embora seja no exato momento do transe que a mediunidade alcança o seu ápice.

A mediunidade pode ser observada ostensivamente, quando, por exemplo, o médium incorpora, psicografa, transmite o passe, libera ectoplasma, pinta sob a influência dos espíritos... Entretanto, a mediunidade, no cotidiano, manifesta-se discretamente, ao ponto de o próprio médium não perceber que esteja agindo como instrumento.

Dificilmente o médium precisará com nitidez quando estará sendo intuído ou inspirado a dizer palavras ou tomar atitudes que mudem o rumo dos acontecimentos dos quais participe.

Citemos um fato corriqueiro como exemplo. Numa simples conversação, o médium poderá dizer uma palavra que clareie as decisões que o seu interlocutor tenha que tomar. Imaginemos um médico indeciso sobre o diagnóstico de um paciente... Em conversa com um médium, às vezes completamente alheio ao caso, os espíritos poderão inspirar o sensitivo no sentido de que a mente do médico se abra para o diagnóstico preciso, salvando vidas e evitando cirurgias de risco já programadas.

Quem procura sintonia com o Mais Alto através da oração e do dever retamente cumprido será sempre uma antena captando mensagens de elevado teor e retransmitindo-as através da palavra, imperceptivelmente.

A mediunidade ostensiva e declarada não é a única maneira de exercer-se a mediunidade.

A mãe é médium quando antecipa-se com seus conselhos aos problemas do filho; o pai é médium quando poupa recursos que pressentem necessários no futuro; o filho é médium quando protege os pais de uma queda dentro de casa; o amigo é médium quando alerta alguém acerca da necessária revisão nos freios do automóvel, antes da viagem prevista; o vizinho é médium quando se refere a uma árvore prestes a desabar no quintal ao lado...

Há quem imagine que o seu compromisso com a mediunidade seja apenas naquele dia determinado e naqueles poucos minutos semanais em que passa ao redor de uma mesa de sessões.

Não terão sido médiuns Einstein, Thomas Édison, Pasteur, Gandhi, Florence Nigthingale e tantos outros gênios e benfeitores da humanidade?!

Não será médium o pastor anônimo e bem intencionado que prepara o seu sermão para a comunidade dos fiéis?!

Não será médium o legislador que se debruça sobre as leis dos homens, estudando um meio de adequá-las às Leis de Deus?!

Não será médium o cientista que no silêncio dos laboratórios pesquisa, por exemplo, a cura da AIDS?!

Não será médium o professor que atina com o problema emocional que angustia um de seus alunos, interferindo negativamente no seu aproveitamento escolar?!

Não será médium o lavrador que pressente a hora de lançar a semente ao solo para a sonhada colheita?!...

De fato o homem é portador de livre-arbítrio e a decisão final em suas atitudes sempre lhe cabe, entretanto não deve ignorar que o Mundo Espiritual e o Mundo Físico se interpenetram e interreagem e que a comunidade dos espíritos desencarnados faz parte da comunidade dos encarnados, onde continua tendo interesses comuns aos homens.

Não exageraríamos se disséssemos que tudo é mediunidade, tanto na Terra quanto nos Céu!

O Pensamento Divino, até chegar ao homem, passa, por assim dizer, por dezenas de cérebros... Para que esse pensamento chegasse a nós sem distorções é que Jesus corporificou-se no planeta e trouxe-nos o Verbo Divino que identificava-se plenamente com a sua Palavra.

Anteriormente, os profetas, portadores da Palavra de Deus, sujeitaram-na à cultura social e religiosa a que pertenciam, regionalizando o que era universal.

Por isso, em essência, O Espiritismo identifica-se com todas as religiões e filosofias que vão desde as ramificações do Cristianismo às que pregam a reencarnação, a lei do carma e a comunicação com os chamados mortos. Tendo sido codificada na França, a Doutrina Espírita é universal, porque a Verdade, em todos os idiomas, é sempre a mesma em toda parte. 







Do livro "Somos Todos Médiuns", ditado pelo Espírito Dr. Odilon Fernandes. Psicografado pelo médium Carlos A. Baccelli.


















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²  Significação de Personalismo:

Adjetivo.


1. Característica, qualidade, do que é pessoal, subjetivo;

2. Tendência para se colocar como o centro em qualquer circunstância.

3. Maneira de ser do indivíduo, que direciona todas as coisas a si mesmo, se coloca como o centro de tudo o que ocorre a sua volta.



Substantivo masculino.



1. Visão particular ou ponto de vista muito pessoal sobre algo ou alguém.

2. Predominância dos interesses individuais em detrimento da coletividade; individualismo.

3. Ideologia política narcisista.

4. Sistema filosófico Humanista.


Significados obtidos em dicionários OnLine.



Espiritismo e Nós
Emmanuel


“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”. - JESUS - JOÃO, 14: 15.

“Espiritismo vem realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto,
não o pode fazer sem destruir os abusos.” - (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII, 17.)




Todas as religiões garantem retiros e internatos, organizações e hierarquias para a formação de orientadores condicionados, que lhes exponham as instruções, segundo o controle que lhes parece conveniente.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do esclarecimento livre.

Mas se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, situamos nossas pequeninas pessoas, acima dos grandes princípios que a expressam, estaremos muito distantes dela, confundidos nos delírios do personalismo deprimente, em nome da liberdade.

Todas as religiões amontoam riquezas terrestres, através de templos suntuosos, declarando que assim procedem para render homenagem condigna à Divina Bondade.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do desprendimento.

Entretanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, encarcerarmos a própria mente nas hipnoses de adoração a pessoas ou na ilusão de posses materiais passageiras, tombaremos em amargos processos de obsessão mútua, descendo à condição de vampiros intelectualizados uns dos outros, gravitando em torno de interesses sombrios e perdendo a visão dos Planos Superiores.

Todas as religiões cultivam rigoroso sentido de seita, mantendo a segregação dos profitentes.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da solidariedade.

Contudo, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados abraçarmos aventuras e distorções, em torno do ensino espírita, , ainda mesmo quando inocentes e piedosas, na conta de fraternidade, levantaremos novas Inquisições do fanatismo e da violência contra nós mesmos.

Todas as religiões sustentam claustros ou discriminações, a pretexto de se resguardarem contra o vício.

A Doutrina Espírita, revi vendo o Cristianismo puro, é a religião do pensamento reto.

Todavia, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, convocados a servir no mundo desertarmos do concurso aos semelhantes, a título de suposta humildade ou por temor de preconceitos, acabaremos inúteis, nos círculos fechados da virtude de superfície.

Todas as religiões, de um modo ou de outro alimentam representantes e ministérios remunerados.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da assistência gratuita.

No entanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, fugirmos de agir, viver e aprender à custa do esforço próprio, incentivando tarefeiros pagos e cooperações financiadas, cairemos, sem perceber, nas sombras do profissionalismo religioso.

Todas as religiões são credoras de profundo respeito e de imensa gratidão pelos serviços que prestam à Humanidade.

Nós, porém, os espíritas encarnados e desencarnados, não podemos esquecer que somos chamados a reviver o Cristianismo puro, a fim de que as leis do Bem Eterno funcionem na responsabilidade de cada consciência.

Exortou-nos o Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” E prometeu: “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.”

Proclamou Kardec: “Fora da caridade não há salvação.” E esclareceu: “Fé verdadeira é aquela que pode encarar a razão face à face.”

Isso quer dizer que sem amor não haverá luz no caminho e que sem caridade não existirá tranqüilidade para ninguém, mas estes mesmos enunciados significam igualmente que sem justiça e sem lógica, os nossos melhores sentimentos podem transfigurar-se em meros caprichos do coração.



Do livro "Livro da Esperança", ditado pelo Espírito Emmanuel. Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.









Elucidações
Emmanuel


“Porque não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor;
e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.”
- Paulo (II Coríntios, 4:5.)




Nós, os aprendizes da Boa Nova, quando em verdadeira comunhão com o Senhor, não podemos desconhecer a necessidade de retraimento da nossa individualidade, a fim de projetarmos para a multidão, com o proveito desejável, os ensinamentos do Mestre.

Em assuntos da vida cristã, propriamente considerada as únicas paixões justificáveis são as de aprender, ajudar e servir, porquanto sabemos que o Cristo é o Grande Planificador das nossas realizações.

Se recordarmos que a supervisão dele age sempre em favor de quanto possamos produzir de melhor, viveremos atentos ao trabalho que nos toque, convencidos de que a sua pronunciação permanece invariável nas circunstâncias da vida.

A nossa preocupação fundamental, em qualquer parte, portanto, deve ser a da prestação de serviço em Seu Nome, compreendendo que a pregação de nós mesmos, com a propaganda dos particularismos peculiares à nossa personalidade, será a simples interferência do nosso "eu" em obras da vida eterna que se reportam ao Reino de Deus.

Escrevendo aos coríntios, Paulo define a posição dele e dos demais apóstolos, como sendo a de servidores da comunidade por amor a Jesus. Não existe indicação mais clara das funções que nos cabem.

A chefia do Divino Mestre está sempre mais viva e a programação geral dos serviços reservados aos discípulos de todas as condições permanece estruturada em seu Evangelho de Sabedoria e de Amor.

Procuremos as bases do Cristo para não agirmos em vão.

Ajustemo-nos à consciência do Grande Renovador, a fim de não sermos tentados pelos nossos impulsos de dominação, porque, em todos os climas e situações, o companheiro da Boa Nova é convidado, chamado e constrangido a servir.



Do livro "Fonte Viva", ditado pelo Espírito Emmanuel. Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.





De ambos os textos de Emmanuel que se completam podemos sintetizar sobre o "personalismo". É difícil lidar com o nosso "personalismo", imaginemos então o quão é difícil lidar com o "personalismo" dos outros, e da coletividade com a qual trabalhamos na casa espírita. O "personalismo" nada mais é do que a expressão de nosso egoísmo que carregamos a vida inteira, desde a infância, e esse egoísmo é em Psicanálise e Psicologia o Id, o Ego e o Super Ego. Por esse motivo é que é tão difícil lidar com o nosso próprio "personalismo", e por isso é que não temos moral para combatermos o "personalismo" do outro! É corretamente moral e de caridade, de amor fraterno, conosco e com nossos amigos trabalhadores da seara espírita, portanto, que o assunto venha a discussão como assunto de estudo para estimular e facilitar a todos a identificação de seu personalismo pessoal, e a estimular assim todos a de fato realizarem a tal "reforma íntima", sem apontar a ninguém, e nem mesmo apontar "exemplos" vivenciados pelo grupo espírita, pois esses exemplos vão sim causar a identificação do grupo e das pessoas envolvidas no exemplo real, mas sim apresentar o "personalismo", que é um problema geral da Humanidade, de modo genérico e real dentro da casa espírita. Exemplos referentes a uma realidade espírita precisam ser apresentados, mas de uma forma que não favoreça de jeito nenhum que os membros se sintam identificados. Nunca esquecendo que estes estudos necessitam ser realizados com o coração evangelizado, dirigentes e não dirigentes, caminhando com Jesus, que é o verdadeiro patrão de nossos trabalhos espirituais e de caridade social.

Não combatemos o "personalismo" porque não vivemos com essa consciência todos os dias, e muito menos nos momentos de trabalho com nossa mediunidade em qualquer tarefa que seja da casa espírita. Essa falta de convivência com nós mesmos nos rouba o direito de nos conhecermos de verdade, e mesmo de admitirmos nossos próprios defeitos, quem faz isso com nós mesmos é a sociedade que nos ensinou a sermos assim desde de crianças. A partir do momento em que o grupo de trabalho espírita der início todos os dias o trabalho que realizam na casa espírita com essa consciência se depararão com a dificuldade de superação, pois até então não era uma preocupação. É portanto um problema que se transforma em um grande monstro difícil de ser vencido, enxergamos como intransponível, impossível, ideal demais, por não estarmos acostumados com esse nível de consciência, mas temos que começar a lutar em algum momento, começando dentro de nós mesmos, e ao mesmo tempo aliando as nossas forças com as forças conscientes dos membros do trabalho para mudar essa realidade. Portanto o combate ao "personalismo" dentro da casa espírita, e dentro do nosso grupo de trabalho, não é combater nossos colegas de trabalho, não é combater o outro, mas é combater a nós mesmos, e dividir essa preocupação com todos de forma sistemática por meio de discussões, diálogos e estudos organizados com menos teorias terrenas, e mais Evangelho com Jesus, bem mais os ensinamentos dos Espíritos Superiores que se encontram nas próprias obras espíritas, e nas mensagens psicografadas nas reuniões mediúnicas, que podem e devem ser aproveitadas publicamente dentro do recinto espírita com esse objetivo de auto burilamento, ao invés de simplesmente lê-las ao final da reunião mediúnica e engavetá-las. Todo o esforço mínimo conseguido individualmente e na coletividade de trabalho espírita resultará em melhores resultados de trabalho espiritual, e de relacionamento entre os trabalhadores espíritas.

Não adianta começarmos a realizar estas atividades coletivas como forma de ajuda e de propiciar a auto ajuda a todos os trabalhadores, e participarmos porque queremos, porque nos interessamos por essa causa, se na prática numa interlocução com nós mesmos não queremos nos modificar, se na prática não queremos trabalhar essa modificação dentro de nós, essa manifestação íntima e secreta de má vontade é a ação de firmar o comodismo a que estamos acostumados, é o retorno e a escolha ao velho, e a condenação a estagnação na marcha evolutiva que é a nossa vida, uma marcha sem volta, porque cada um de nós tem um prazo de validade na roupagem física, o dia de ontem não voltará, mas o dia de hoje e de amanhã podem ser multiplicados. E novamente retomamos ao fato de que essa luta pelo progresso moral é difícil e demorada sim, todos nós sabemos. Sendo demorada entendemos que cada trabalhador vai amadurecendo a seu próprio tempo mediante a todas as buscas coletivas e individuais pelo progresso moral, "buscas" realmente, e não buscas apenas na fala, na palavra. Enquanto o mundo continuar "individualista", "personalista", o mundo continuará injusto.



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e das fontes citadas.




³ Uma responsabilidade evangélica com Jesus, uma responsabilidade humilde com Jesus, com relação ao trabalho mediúnico, e com a mediunidade:


MEDIUNIDADE E DOUTRINA
André Luiz


Em Espiritismo, é imperioso distinguir entre Mediunidade e Doutrina para que as surpresas do mundo não nos ensombrem a marcha.

Mediunidade é processo


Doutrina é realização

O processo passa

A realização permanece.

Mediunidade é caminho 

Doutrina é bússola 

O caminho pode bifurcar-se 

A bússola guia sempre. 

Mediunidade é pormenor 

Doutrina é base 

O pormenor é superfície 

A base é substancia. 

Mediunidade é trato de terra 

Doutrina é semente nobre 

A leira obedece aos ditames do lavrador 

A semente nobre enriquece a vida. 

Mediunidade é argumento 

Doutrina é lógica 

O argumento é variável 

A lógica é inamovível. 

Mediunidade é fenômeno da alma. 

Doutrina é alma do fenômeno. 

A mediunidade inclui a telementação e a letargia, a sugestão e a hipnose.


A doutrina é responsabilidade, estudo edificante, serviço ao próximo e sacrifício pessoal.

Na primeira, temos a observação e a experiência; na segunda, a educação e a caridade.

Em síntese, a Mediunidade é trabalho da criatura humana e a Doutrina Espírita é Jesus de braços abertos.

Dignifiquemos, assim, a mediunidade com a nossa consagração ao bem puro e simples, mas não nos esqueçamos de plasmar a Doutrina Espírita no livro da própria alma, a fim de que o nosso coração se converta em flama da Vida Eterna.





Do livro "Através do Tempo", sitado pelo Espírito André Luis. Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.



  Conselhos de Allan Kardec ao novatos no trabalho com a mediunidade com Jesus nos trabalhos mediúnicos espíritas:



CONSELHOS AOS NOVATOS
Allan Kardec




O conhecimento da ciência espírita repousa sobre uma convicção moral e uma convicção material. A primeira é adquirida pelo raciocínio; a segunda, pela observação dos fatos. Para o novato seria lógico primeiro ver, depois raciocinar. Infelizmente nem sempre pode ser assim. Seria impossível fazer um curso prático de Espiritismo, como se faz um curso de Física ou de Química. Os fenômenos que pertencem ao âmbito destas duas ciências podem reproduzir-se à vontade; pode-se, pois, fazê-las passar por gradações aos olhos do aluno, procedendo do simples para o complexo. Não se dá o mesmo nos fenômenos espíritas: não os manejamos como uma máquina elétrica; é preciso tomá-las como eles se apresentam, porque não depende de nós traçar-lhes uma ordem metódica. Daí resulta que muitas vezes eles são ininteligíveis ou pouco concludentes para os principiantes. Podem espantar sem convencer.

É possível contornar esse inconveniente seguindo marcha contrária, isto é, começando pela teoria. É o que aconselhamos a todos quantos queiram seriamente esclarecer-se. Pelo estudo dos princípios da ciência, perfeitamente compreensíveis sem experimentação prática, adquirimos uma primeira convicção moral, que necessita apenas de corroboração pelos fatos. Ora, como nesse estudo preliminar todos os fatos foram passados em revista e comentados, resulta que quando os vemos, os compreendemos, seja qual for a ordem na qual as circunstâncias nos permitam observá-las.

Procuramos reunir nas nossas três publicações todos os elementos necessários a tal efeito, encarando a ciência sob todos os aspectos e dando sobre os vários pontos as explicações que comporta o estado atual dos conhecimentos. Uma leitura atenta dessas obras seria, pois, uma primeira iniciação que permitiria esperar os fatos ou daria os meios de os provocar com conhecimento de causa, desde que a isso nada se opusesse, sem que nos perdêssemos em ensaios que poderiam ser infrutíferos, por não terem sido conduzidos dentro dos limites do possível.

Nesta Instrução Prática encontram-se os princípios fundamentais necessários aos principiantes; na REVISTA ESPÍRITA, além de extensos desenvolvimentos, uma variedade considerável de fatos e de aplicações. Enfim, em O LIVRO DOS MÉDIUNS, o próprio ensino dos Espíritos sobre todas as questões de metafísica e de moral que se ligam à doutrina espírita.



Do livro "Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas", escrito por Allan Kardec.










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